CORPORAÇÕES TRANSNACIONAIS
A globalização é marcada pela expansão
mundial das grandes corporações internacionais. A cadeia de
fast food McDonald's, por exemplo, possui 18 mil restaurantes em
91 países. Essas corporações exercem um papel decisivo na
economia mundial. Segundo pesquisa do Núcleo de Estudos
Estratégicos da Universidade de São Paulo, em 1994 as maiores
empresas do mundo (Mitsubishi, Mitsui, Sumitomo, General Motors,
Marubeni, Ford, Exxon, Nissho e Shell) obtêm um faturamento de
1,4 trilhão de dólares. Esse valor eqüivale à soma dos PIBs
do Brasil, México, Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Uruguai,
Venezuela e Nova Zelândia.
Outro ponto importante desse processo são as mudanças
significativas no modo de produção das mercadorias. Auxiliadas
pelas facilidades na comunicação e nos transportes, as
transnacionais instalam suas fábricas sem qualquer lugar do
mundo onde existam as melhores vantagens fiscais, mão-de-obra e
matérias-primas baratas. Essa tendência leva a uma
transferência de empregos dos países ricos - que possuem altos
salários e inúmeros benefícios - para as nações industriais
emergentes, com os Tigres Asiáticos. O resultado desse processo
é que, atualmente, grande parte dos produtos não tem mais uma
nacionalidade definida. Um automóvel de marca norte-americana
pode conter peças fabricadas no Japão, ter sido projetado na
Alemanha, montado no Brasil e vendido no Canadá.
A rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação (computadores, telefones e televisão) têm sido fundamentais para agilizar o comércio e as transações financeiras entre os países. Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir 138 conversas ao mesmo tempo. Atualmente, com a invenção dos cabos de fibra óptica, esse número sobe para l,5 milhão. Uma ligação telefônica internacional de 3 minutos, que custava cerca de 200 em 1930, hoje em dia é feita por US$ 2. O número de usuários da Internet, rede mundial de computadores, é de cerca de 50 milhões e tende a duplicar a cada ano, o que faz dela o meio de comunicação que mais cresce no mundo. E o maior uso dos satélites de comunicação permite que alguns canais de televisão - como as redes de notícias CNN, BBC e MTV - sejam transmitidas instantaneamente para diversos países. Tudo isso permite uma integração mundial sem precedentes.
A crescente concorrência internacional tem obrigado as empresas a cortar custos, com o objetivo de obter preços menores e qualidade alta para os seus produtos. Nessa restruturação estão sendo eliminados vários postos de trabalho, tendência que é chamada de desemprego estrutural. Uma das causas desse desemprego é a automação de vários setores, em substituição à mão de obra humana. Caixas automáticos tomam o lugar dos caixas de bancos, fábricas robotizadas dispensam operários, escritórios informatizados prescindem datilógrafos e contadores. Nos países ricos, o desemprego também é causado pelo deslocamento de fábricas para os países com custos de produção mais baixos.
O fim de milhares de empregos, no entanto, é acompanhado pela criação de outros pontos de trabalho. Novas oportunidades surgem, por exemplo, na área de informática, com o surgimento de um novo tipo de empresa, as de "inteligência intensiva", que se diferenciam das indústrias de capital ou mão-de-obra intensivas. A IBM, por exemplo, empregava 400 mil pessoas em 1990 mas, desse total, somente 20 mil produziam máquinas. O restante estava envolvido em áreas de desenvolvimento de outros computadores - tanto em hardware como em software - gerenciamento e marketing. Mas a previsão é de que esse novo mercado de trabalho dificilmente absorverá os excluídos, uma vez que os empregos emergentes exigem um alto grau de qualificação profissional. Dessa forma, o desemprego tende a se concentrar nas camadas menos favorecidas, com baixa instrução escolar e pouca qualificação.
São associações de
países, em geral de uma mesma região geográfica, que
estabelecem relações comerciais privilegiadas entre si e atuam
e atuam de forma conjunta no mercado internacional. Um dos
aspectos mais importantes na formação dos é a redução ou a
eliminação das alíquotas de importação, com vistas à
criação de zonas de livre comércio. Os blocos aumentam a
interdependência das economias dos países membros. Uma crise no
México, como a de 1994, afeta os EUA e o Canadá - os outros
países-membros do Acordo de Livre-Comércio da América do Norte
(Nafta).
O primeiro bloco econômico aparece na Europa, com a criação,
em 1957, da Comunidade Econômica Européia (embrião da atual
União Européia). Mas a tendência de regionalização da
economia só é fortalecida nos anos 90: o desaparecimento dos
dois grandes blocos da Guerra Fria, liderados por EUA e URSS,
estimula a formação de zonas independentes de livre-comércio,
um dos processos de globalização. Atualmente, os mais
importantes são: o Acordo de Livre Comércio da Am rica do Norte
(Nafta), a União Européias (UE). o Mercado Comum do
Sul(Mercosul), a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
(Apec) e, em menor grau o Pacto Andino, a Comunidade do Caribe e
Mercado Comum (Caricom), a Associação das Nações do Sudeste
Asiático (Asean), a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e
a Comunidade da África Meridional para o Desenvolvimento (SADC).
No plano mundial, as relações comerciais são reguladas pela
Organização Mundial do Comércio (MC)m que substitui o Acordo
Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), criado em 1947. A
organização vem promovendo o aumento no volume de comércio
internacional por meio da redução geral de barreiras
alfandegárias. Esse movimento, no entanto, é acompanhado pelo
fortaleci mentos dos blocos econômicos, que buscam manter
maiores privilégios aos países-membros.
PRINCIPAIS BLOCOS ECONÔMICOS | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|
Blocos | Integrantes | PIB total(milhões de US$) | População total(milhões de hab.) | PIB per capita(em US$) | Data de criação | |
Asean | 7 países | 541.075 | 429,00 | 1.261,25 | 1967 | |
Apec | 17 países e 1 território | 14.119.450 | 2.217,00 | 6.368,72 | 1989 | |
Caricom | 12 países e 3 territórios | 16.135* | 5,82 | 2.772,34 | 1973 | |
Mercosul | 4 países | 859..874 | 207,70 | 4.139,98 | 1991 | |
Nafta | 3 países | 7.568,082 | 391,10 | 19.356,76 | 1988 | |
Pacto Andino | 5 países | 197.662 | 101,50 | 1.947,41 | 1969 | |
União Européia | 15 países | 7.324.381 | 372,40 | 19.668,05 | 1957 | |
SADC | 11 países | 145.950 | 137,20 | 1.063,78 | 1979 | |
CEI | 12 países | 550.989 | 285,00 | 1.933,29 | 1991 |
* Excluídas as ilhas Virgens Britânicas e as ilhas
Turks e Caicos.
Fontes: Banco Mundial, Fundo das Nações Unidas para a
População
Charge sobre a globalização e suas conseqüências
Fonte: Boletim Mundo - março de 1996